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Porto de Santos, será HUB?
por: Samir Keedi
07/02/2025 20h57 Atualizada há 2 meses
Por: Colunistas
Imagem gerada por AI

Entra ano, sai ano, vem outro e a conversa é sempre a mesma. A promessa do maior porto da América Latina se tornar um Hub Port (porto concentrador de carga) é uma promessa recorrente.

A promessa de ter 15 metros de profundidade em todo o porto, para receber grandes navios, dos maiores, nunca sai do papel. Até porque, nem é suficiente. Os grandes navios têm 15-16 metros de calado e podem aumentar.

O que significa que o porto precisa ter, pelo menos, 17-18 metros de profundidade. Cuidado para não misturar conceitos. Calado é do navio. Profundidade é do porto.

 

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Ao longo do tempo já participamos de incontáveis eventos sobre o assunto. Leitura então, nem se fala. Como é um assunto que dá audiência, principalmente aos amantes do porto de Santos, como nós, o assunto está sempre em pauta.

A cada evento que vamos, ou nota que lemos, já sabemos que é mais uma oportunidade de alguém falar para ser ouvido. Bom, pelo menos, é uma oportunidade de escrevermos mais um artigo sobre este porto que poderia ser nosso melhor.

 

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Já citamos isso em artigos, e só para ficarmos nos últimos 20 anos, relembramos que no início da década 2000, fomos entrevistados por uma TV de Santos, na Praça da Santa, ao ar livre para darmos vazão a todos os pensamentos.

E depois de muita conversa, o entrevistador sapeca, ao final, a pergunta chave, rotineira.

O que achávamos de Santos como Hub Port. Ao dizermos, categoricamente, que Santos, a continuar a mesma conversa e administração de sempre, jamais será um Hub Port, o amigo dá um pulo da cadeira e nos diz: Está louco? Todos dizem que Santos o será.

Todos, menos nós, que achamos o contrário, sabemos como as coisas funcionam.

 

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Em 2009, apenas para citar outra das grandes datas, volta o assunto. Em Santos reúnem-se o porto, prefeitura, autoridades em geral, etc., e decidem que Santos movimentará 230 milhões de toneladas de carga em 2024.

 

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Imediatamente escrevemos um artigo dizendo que isso não ocorreria. O andar da carruagem não permitia dizer, nem fazer isso. Chamamos o artigo de “Santos 2024” e dissemos que era um sonho de uma noite de verão, bem como de inverno.

Em 2021 movimentamos “apenas” cerca de 64% daquilo, ou seja, 147 milhões de toneladas. É uma boa tonelagem, mas, não para Santos.

 

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Em 2015, numa Associação de grande prestígio e influência em São Paulo, foram reunidos figurões do porto como presidente de um deles, diretores de outros, a Praticagem, autoridades etc.

Agora era a promessa “efetiva”, mais uma vez, de que em 2017 o porto teria 17 metros de profundidade. Pedimos a palavra e explicamos, didaticamente, que isso não ocorreria e por quê. Também escrevemos o artigo “Santos 17” explicando.

 

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2017 acabou e cá estamos nós, em 2022 com o nosso pobre e querido porto sempre dependente de promessas e ações concretas para essa profundidade.

De modo a receber os maiores navios do mundo, hoje de 24.000 TEU – Twenty Feet or Equivalent Unit (20 pés ou unidade equivalente) (um TEU igual 6,096m).

 

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Sempre achamos que Santos tem capacidade para 400-500 milhões de toneladas de carga. É só termos mais terminais.

Ocuparmos os espaços vazios que podem virar terminais. Termos nossos terminais modernizados para que possam justificar o potencial do porto.

Trabalharmos 24 horas efetivas por dia, nos embarques, desembarques, recebimento de carga, Receita Federal, todos os órgãos envolvidos, etc. Tornarmos Santos apenas passagem de mercadorias, sem despacho e ocupação de espaço e tempo, etc. etc. Despacho apenas na zona secundária.

 

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Mas isso, provavelmente, nunca será possível, em face dos espaços em terra e na cidade à disposição. E também os acessos, que não são adequados ao maior porto da América Latina.

 

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Na Santos Export 2017, que tivemos a honra de ser convidados pela organização, por indicação do amigo Ozires Silva, para proferir a palestra de abertura no dia 11/09, mostramos alguns problemas e sugerimos algumas melhorias.

Claro que nunca fomos ouvidos a esse respeito, assim como em muitas outras oportunidades em que fizemos boas sugestões.

 

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Dissemos que a rodovia dos Imigrantes havia sido muito mal planejada. Pensada apenas para automóveis e pessoas. Um contrassenso, considerando descer para o maior porto da América Latina.

Com 6% de declividade, que significa descer 60 metros de serra a cada 1.000 metros percorridos. Impossível para a descida de veículos pesados com cargas e pessoas.

 

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Outro problema era o Rodoanel sul, também mal planejado e construído. Enquanto os trechos norte e oeste têm quatro faixas em cada pista, o trecho sul foi construído com apenas três faixas.

Quem pode pensar uma importante via dessas, que desce ao porto de Santos, sem um mínimo de seis faixas em cada pista? A BR 101, também não é lá a solução.

 

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Propusemos que se construa outra Imigrantes, apenas para veículos pesados. Mas, iniciando a partir do início da descida da serra. Portanto apenas uma menos de meia Imigrantes.

Com a construção de uma alça com poucos quilômetros, com um pouco de curvas, de modo a ter 2-3% de declividade. Ou seja, a atual Imigrantes viria do planalto com uma pista, como é hoje e, na descida, se abriria em duas, criando um “Y”. Perfeitamente possível. Mais ou menos paralela à atual.

 

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Da mesma forma, criar uma alça para o Rodoanel, pouco antes do seu encontro com a Imigrantes, descendo a Santos, paralela à nova curta Imigrantes.

E pode-se pensar numa nova rodovia, descendo da Regis Bittencourt para Peruíbe, aliviando o Rodoanel e a Imigrantes. Seria o fim do problema de acessos

 

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Com isso, e com mais modernização e novos equipamentos, e mais terminais, o porto de Santos, em nossa opinião, pode fazer esses 400-500 milhões de toneladas ano que acreditamos, e não as 230 milhões pensadas em 2009.

 

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Também sempre dissemos que o porto não pode mais ser administrado de Brasília. Tem que ser privatizado. Alternativamente, municipalizado, como o de Itajai-SC ou estadualizado como os portos do Paraná. Portanto, como se vê, nenhuma das três opções representa algo que já não exista no país.

 

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Essa questão da administração está sendo resolvida, pois, finalmente, o porto de Santos vai ser privatizado.

 

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Ficam restando as novas rodovias sugeridas, e a profundidade. Esta é aquela na qual nunca acreditamos até agora, e continuamos céticos. Mas, quem sabe, de repente, possamos dar um crédito à iniciativa privada.