A CK Hutchison, um dos maiores conglomerados empresariais de Hong Kong, voltou ao centro do debate internacional depois que autoridades dos Estados Unidos levantaram preocupações sobre a influência chinesa no Canal do Panamá.
O grupo, fundado pelo magnata Li Ka-shing, controla dois dos cinco portos estratégicos da região, o que gerou tensão entre Washington e Pequim.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, classificou como "inaceitável" que empresas ligadas a Hong Kong administrem pontos de entrada e saída do canal, sugerindo que Pequim poderia ordenar seu fechamento em um cenário de conflito. Mas até que ponto essa preocupação é justificada?
Quem administra os portos e o canal?
A Hutchison Ports PPC, subsidiária da CK Hutchison, opera os portos de Cristóbal (no Atlântico) e Balboa (no Pacífico) desde 1997. Em 2021, sua concessão foi renovada por mais 25 anos, consolidando sua presença estratégica no comércio marítimo global.
Segundo a empresa, nos últimos três anos, foram pagos cerca de US$ 59 milhões ao governo panamenho, e a maior parte de sua equipe é formada por trabalhadores locais.
Apesar do controle sobre dois portos, a gestão do próprio Canal do Panamá permanece sob a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), órgão autônomo que regula o tráfego e define as tarifas de passagem.
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Recentemente, a ACP desmentiu alegações dos EUA de que navios de guerra americanos haviam transitado gratuitamente pela via.
CK Hutchison: Um império global com raízes em Hong Kong
Criada pelo visionário Li Ka-shing, a CK Hutchison se consolidou como um dos maiores conglomerados do mundo, atuando em setores como logística, telecomunicações, imóveis e energia. Seu alcance se estende por 53 portos em 24 países, incluindo Reino Unido, Espanha e Austrália.
Após a fusão da Cheung Kong Holdings com a Hutchison Whampoa em 2015, a liderança do império passou para Victor Li, filho do fundador, que mantém conexões com órgãos políticos chineses.
Essa relação reforça a preocupação dos EUA de que a CK Hutchison possa atuar sob ordens diretas de Pequim.
Washington já interveio em negociações da empresa no passado. Em 2020, Israel negou um contrato de dessalinização à CK Hutchison após pressão do então secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
Agora, o foco está nos portos panamenhos e no risco de influência política sobre uma das rotas marítimas mais estratégicas do planeta.
O Canal do Panamá pode ser fechado pela China?
A polêmica levanta questões geopolíticas complexas. Desde que Hong Kong voltou ao controle chinês em 1997, a autonomia da região tem sido um ponto de tensão, principalmente após a repressão às manifestações pró-democracia em 2019.
Com o endurecimento do governo de Pequim, críticos temem que empresas de Hong Kong estejam cada vez mais subordinadas à política chinesa.
Por outro lado, o governo de Hong Kong nega qualquer interferência na CK Hutchison e reforça seu compromisso com o comércio global. A empresa, por sua vez, não se pronunciou sobre as acusações.
Enquanto isso, a rivalidade entre EUA e China continua a moldar o cenário econômico e estratégico da América Latina, tornando o Canal do Panamá mais do que uma simples rota comercial — mas um campo de disputa entre potências globais.
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