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Geral Maranhão

Banho de Axé: Ancestralidade e proteção para o carnaval maranhense

Evento chega à 6ª edição, considerado um tradicional rito de purificação que reafirma a presença e a resistência dos povos e comunidades tradiciona...

23/02/2025 12h05
Por: Clipping Diário Fonte: Secom Maranhão
- Mãe Nonata no Banho de Axé no Centro Histórico de São Luís (Foto: Mariana Sales)
- Mãe Nonata no Banho de Axé no Centro Histórico de São Luís (Foto: Mariana Sales)

Neste sábado (22) o Centro Histórico de São Luís foi palco de uma celebração afro religiosa, perfumada por água de flores e sob o ecoar de rezas, cânticos e oferendas pelas ruas e becos. Mais de 60 grupos de culto de mina e capoeira abriram o caminho para o início do Carnaval. Foi a 6ª edição do tradicional Banho de Axé, um rito de purificação que reafirma a presença e a resistência dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana no Maranhão.

A cerimônia teve início em frente ao Palácio dos Leões e contou com a presença do governador do Estado, Carlos Brandão, que recebeu o cortejo, à frente do Palácio dos Leões, onde ressaltou a importância do respeito à liberdade religiosa e à diversidade cultural no estado. “É com alegria que festejamos as manifestações dos povos de matriz africana, com muito respeito, dignidade e em defesa da liberdade religiosa e cultural do Maranhão”, comentou.

Em seguida, o cortejo seguiu até a Praça da Fé, espalhando proteção para os foliões que se preparam para os dias de festa. O ato de aspergir água perfumada simboliza a limpeza do corpo e do espírito em um gesto de renovação.

Para Mãe Nonata da Oxum, o momento carrega um profundo significado. “Estamos fortalecendo a visibilidade do povo de terreiro, pedindo paz e muita alegria para este carnaval. Queremos que as famílias celebrem com fé e segurança”, disse a coordenadora do Fórum Estadual de Mulheres de Axé da Renafro no Maranhão.

O Banho de Axé é também uma poderosa ferramenta de combate à intolerância religiosa e ao racismo. Através dele, a cultura afro-maranhense ganha força dentro do carnaval.

Para Luíza Teixeira, tradutora cultural e pedagoga, incluir o ritual na programação foi um grande acerto. “A cultura afro faz parte do nosso carnaval. O axé sempre tem que estar presente. É fundamental reconhecer e valorizar em todos os sentidos nossas manifestações culturais".

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"O Carnaval precisa representar toda a diversidade do povo maranhense, sem espaço para intolerância", acrescentou Luciana Santos, técnica administrativa.

A atmosfera uniu devoção e festa. No palco Joãozinho Trinta, o cortejo afro religioso se encontrou com o Bloco Afro Didara, que estava finalizando a apresentação. Na plateia, a professora Lisandra Duarte se emocionou ao reencontrar o grupo envolto num ambiente de tanta religiosidade. “Acompanho o trabalho deles há mais de dez anos. Eles mantêm viva nossa ancestralidade e tradição, além de assistir às crianças da comunidade”.

O Banho de Axé contou ainda com a apresentação de Fernando de Iemanjá, referência na cena musical afro religiosa. O cantor e compositor emocionou o público ao transformar o palco em terreiro. “Esse evento realça nossa ancestralidade e traz a musicalidade dos terreiros para espaços públicos. Por muito tempo fomos esquecidos e é gratificante ver o poder público reconhecendo nossa existência e concedendo espaços como este”, afirmou.

De acordo com Neto de Azile, diretor de Patrimônio da Secretaria de Cultura do Maranhão (Secma), o Banho de Axé é um evento que une aspectos sagrados e históricos. “Há seis anos realizamos esse movimento para saudar a ancestralidade e garantir proteção aos foliões. Ao mesmo tempo, lutamos contra a intolerância e reafirmamos a liberdade de fé”.

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