O túnel subaquático que ligará Santos a Guarujá, no litoral de São Paulo, será o primeiro do tipo na América do Sul e contará ainda com ciclovia, passagem para pedestres e até um Veículo Leve Sob Trilhos (VLT). Mas como é possível fazer uma obra dessa magnitude no fundo do oceano?
Segundo o anúncio feito na última semana, o túnel deve ter cerca de 21 metros de profundidade, já que vai passar por baixo do canal do Porto de Santos. Além disso, durante toda a construção o fluxo de navios não deve ser interrompido. Esses são apenas alguns dos detalhes desafiadores desse túnel.
De acordo com o anúncio feito na última semana, o túnel deve ter cerca de 21 metros de profundidade, já que vai passar por baixo do canal do Porto de Santos. Além disso, durante toda a construção o fluxo de navios não deve ser interrompido. Esses são apenas alguns dos detalhes desafiadores desse túnel.
“A tecnologia para construção de túneis submersos é completamente consolidada e dominada”, explica o professor. “Além disso, a engenharia brasileira é reconhecida mundialmente como umas das melhores do mundo. Os cidadãos que vão usufruir desta importante obra podem ficar tranquilos quando forem atravessá-lo”.
Para viabilizar a obra, serão construídos seis módulos pré-moldados com concreto armado, que vão precisar ser transportados até o local. Isso tudo sem interromper o fluxo de navios no porto de santos. Ao todo, o túnel deve ter cerca de 850 metros.
O engenheiro explica como o método funciona. “As seções do túnel ( módulos) são construídas fora do local da obra. Tais módulos são transportados para o local do túnel e submergidos aos poucos, de forma a encaixarem-se, formando então o túnel”, disse. “Todo o processo é feito de forma que os módulos não sejam inundados ( são vedados hermeticamente por comportas). São perfeitamente encaixados, alinhados e presos um no outro. Depois, basta retirar as comportas e finalizar a obra”, completou.
O método se assemelha com o usado no Eurotúnel, que cruza o canal da Mancha ligando a França e o Reino Unido, mas em uma escala muito menor. A megaestrutura é composta por três túneis paralelos entre si, cada um com 50 km de extensão, perfurados a uma média de 40 m abaixo do fundo do mar.
Há vários exemplos pelo mundo, porém o mais famoso de todos é o túnel sob o canal da mancha, ligando a Inglaterra à França. A ASCE, Sociedade de Engenheiros Civis Americanos, considera essa obra como uma das 7 maravilhas da engenharia.
Marcelus Magno Araujo Rodrigues, professor de Engenharia Civil da UNISUAM e M.Sc
O trem de passageiros Eurostar e o Le Shuttle – que transporta carros, caminhões, ônibus e motos – usam os dois túneis externos. A ventilação e o acesso profissional acontecem por meio do túnel de serviço central, que é mais estreito.
Os dois túneis utilitários têm 7,6 m de diâmetro e 30 m de distância. Cada um é de via única, linha elétrica aérea (catenária) e duas passarelas (uma para fins de manutenção e outra no lado mais próximo do túnel de serviço para uso em caso de evacuação de emergência). Essas passarelas também servem para manter o trem em pé e em linha reta de deslocamento, no caso (improvável) de um descarrilamento.
No caso do de Santos, apesar do anúncio ter vindo agora, essa obra já é discutida há cerca de 100 anos e passou por inúmeras reformulações ao longo do tempo. A construção será resultado de uma parceria público-privada (PPP) e tem custo estimado em R$ 5,9 bilhões.