Com recorde de movimentação em 2023, o Porto de Paranaguá, no Paraná, prepara-se para um novo patamar de operação nos próximos anos. Um dos principais terminais de exportação do país e um dos maiores graneleiros da América Latina, a estrutura pode chegar a movimentar 15% a mais do que o volume do ano passado, que foi de 65 milhões de toneladas. Porém, para isso acontecer, é necessária a mudança na matriz de acessos ao porto.
Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná – que inclui o Porto de Antonina –, acredita que os investimentos em novos projetos de infraestrutura de acesso rodoviário e ferroviário que já estão em andamento no Estado devem contribuir para um salto logístico, com reflexos positivos, principalmente, na cadeia de exportação de granel vegetal: “Para a próxima década, o cenário é muito promissor, com o atendimento da atual e da futura demanda que os portos terão."
O executivo faz referência à ampliação da malha ferroviária no Estado, o que deve transformar a logística atual, tendo em vista que, dos produtos que chegam aos terminais para exportação, 80% viajam por rodovias e 20% por via ferroviária.
Garcia destaca a nova moega ferroviária, projeto conhecido como Moegão, que vai centralizar a descarga dos trens que chegam ao Porto de Paranaguá, assim como novos investimentos na Malha Sul, que terá o atual período de concessão encerrado em 2027. A partir daí, o atual contrato pode ser renovado ou será aberta nova licitação.
De uma forma ou de outra, o executivo enfatiza que novos investimentos deverão ocorrer. Ele também cita a Nova Ferroeste, que vai conectar o Porto de Paranaguá ao polo agrícola de Maracaju, em Mato Grosso do Sul, um projeto que terá 1.567 quilômetros e deve ser levado a leilão no ano que vem.
Com a concessão de parte das rodovias para a iniciativa privada já em andamento e previsão de investimentos que somam mais de R$ 30 bilhões ao longo dos próximos 30 anos, o Paraná deverá receber obras de melhorias em trajetos importantes – como o trecho da BR-277 entre Curitiba e Paranaguá.
Esse trecho é um dos gargalos das rodovias paranaenses que precisam de melhorias, já que se trata do único acesso ao porto para veículos pesados. O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, destaca que a rodovia chegou a ficar 27 dias com interdições totais, entre 2022 e 2023, o que gerou prejuízos de mais de R$ 450 milhões para o setor agropecuário. “Entre as consequências estão o aumento do custo de produção e do frete e a demora no recebimento dos insumos e do escoamento da produção”, aponta o dirigente.
O Porto de Paranaguá foi o destino final da primeira expedição de 2024 do Caminhos da Safra. O projeto, realizado pela Globo Rural, vai percorrer várias regiões do país para realizar a cobertura sobre a logística para o agronegócio. O Paraná foi o primeiro Estado da edição deste ano, que também visa mapear a capacidade de exportação dos portos do país.
No Paraná, a equipe percorreu cerca de 1,2 mil quilômetros, entre os dias 24 e 28 de maio. A reportagem transitou pelas principais rodovias usadas no escoamento da safra, como BR-277, BR-373, BR-467, BR-376 e PR-151.
O trajeto incluiu a passagem pelos municípios de Guarapuava, Cascavel, Toledo, Carambeí, Ponta Grossa e Paranaguá, com levantamento dos gargalos nas estradas e de projetos que contribuirão para transformar a logística do Estado. O Caminhos da Safra também inclui a cobertura de ações de conectividade no campo.