A infraestrutura portuária brasileira, especialmente na Baixada Santista, tem papel crucial no escoamento do agronegócio, setor vital para a economia.
O Porto de Santos é responsável por uma parcela significativa das exportações agrícolas do País, mas ainda enfrenta desafios para manter e aumentar a competitividade no cenário global.
Uma análise sobre o Plano Safra 2024/2025, no qual o Governo Federal destinou R$ 476 bilhões para o agronegócio, nos faz entender que existem ainda preocupações quanto à sua eficácia e à gestão na execução de melhorias na infraestrutura portuária para garantir que os produtos agrícolas sejam exportados de maneira eficiente e competitiva.
A safra de grãos 2023/2024 no Brasil deve alcançar 299,27 milhões de toneladas, diminuição de 6,4% em comparação à temporada anterior. Apesar da perda de 20,54 milhões de toneladas, ainda é a segunda maior colheita da história do País. O principal fator para essa redução é o fenômeno El Niño, que impactou negativamente o clima desde o início do plantio.
Em 2023, tivemos a logística extremamente estressada. Por conta de supersafra e exportação recorde no Brasil. No ano passado, as “tradings” tomaram grandes contratos logísticos, com maior estruturação de armazenagem, projetando uma repetição de movimento para 2024 e esperando fazer maior lucratividade, o que não ocorreu. Os produtores tiveram uma pequena “quebra” de safra, mas estão mais estruturados, conseguindo segurar a soja, o milho, evitando vender a qualquer preço. Sabendo disso, as “tradings”, que realizam na cadeia a intermediação das vendas ao exterior, celebrando grandes contratos logísticos, acabaram, em alguns casos, com o resultado de suas negociações e operações prejudicado.
A safra menor este ano resultou em menos volume de exportações, o que impactou os contratos firmados anteriormente. Empresas de logística e operadores portuários tiveram que se adaptar, renegociando contratos e ajustando suas operações com contra margem e “take or pay” a pagar (essa cláusula exige que o comprador pague por uma quantidade mínima predefinida
do produto, mesmo que decida não recebê-lo).
A necessidade de melhorar a eficiência operacional nos portos brasileiros é um ponto crítico. Os acessos viários e aquaviário estão longe de ser ideais. Precisamos também melhorar no desenvolvimento de terminais intermodais, que no contexto logístico são as peras, servindo para a integração dos transportes ferroviário e rodoviário para gerar fluxos mais rápidos. Para não ficar somente nas críticas, já faz um tempo que tivemos grande avanço nos agendamentos para o transporte rodoviário.
O Brasil ainda não está preparado para operar soja e milho juntos. Falta capacidade portuária e ferroviária, necessitando mais investimentos em todos os modais de transporte. Assim, o mercado acaba perdendo competitividade em logística, de onde se retira melhores margens.
A atração de investimentos estrangeiros é essencial para modernizar a infraestrutura portuária. O Brasil precisa criar um ambiente mais favorável para isso, o que inclui a simplificação de processos burocráticos e a criação de incentivos para atrair capital estrangeiro.
A burocracia excessiva e a insegurança jurídica são grandes obstáculos para a realização de melhorias e a atração de investimentos. A China continua a ser um dos maiores mercados para os produtos agrícolas brasileiros. No entanto, as variações na safra e os desafios logísticos podem impactar o volume de exportações.
O futuro da infraestrutura portuária brasileira, especialmente no contexto do agronegócio, depende de investimentos estratégicos e da implementação de melhorias integradas. A visão deve ser sistêmica. O Plano Safra 2024/2025 oferece uma oportunidade única para avançar nessa direção, mas é necessário enfrentar os desafios de maneira proativa e eficaz.
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Jornal Portuário.
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