A tão aguardada construção do túnel submerso que ligará Santos e Guarujá, uma demanda de quase um século na Baixada Santista, finalmente avança. Com o edital de licitação previsto para ser divulgado nesta quinta-feira (27), a obra promete revolucionar a mobilidade regional. No entanto, enquanto muitos celebram o progresso, moradores do bairro do Macuco, em Santos, vivem em constante apreensão com as possíveis desapropriações.
Há mais de uma década, os moradores do Macuco buscam respostas sobre o impacto da obra em suas vidas. Reuniões com o poder público, audiências e protestos se tornaram parte da rotina da Associação Comunitária do Macuco (Acom). A principal dúvida é: quantas famílias serão desalojadas e como serão calculadas as indenizações?
Alcione Alves, presidente da Acom e moradora do bairro há mais de 30 anos, relata a falta de transparência nas informações. "Eles deveriam dizer quais casas serão desapropriadas. Estamos vivendo apavorados, sem saber se ainda estaremos em nossas casas nos próximos meses", desabafa.
Apesar do apoio ao projeto, que promete reduzir o tempo de travessia entre as cidades para cerca de dois minutos, os moradores criticam a falta de um plano que minimize os impactos sociais. "O poder público poderia elaborar um projeto com menos impacto na comunidade", afirma Alcione.
Estudos indicam que mais de 800 imóveis poderão ser afetados, sendo 59 em Santos e 717 no Guarujá, muitas delas ocupações irregulares. No entanto, os moradores do Macuco acreditam que o número real é maior. "Eles contaram apenas os telhados com drones, mas muitos terrenos têm mais de uma casa", explica Alcione.
A incerteza sobre o valor das indenizações também preocupa. Com a desvalorização do bairro devido ao projeto, muitos temem não receber o suficiente para comprar outro imóvel. "São idosos, pessoas que vivem aqui há décadas. Não é só uma casa, é uma vida inteira de memórias", lamenta Solange Souza, moradora há 35 anos.
Com um investimento estimado em R$ 6 bilhões, o túnel submerso será o primeiro do Brasil e o maior da América Latina. A obra, que faz parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), promete melhorar não apenas a mobilidade, mas também a operação do Porto de Santos, reduzindo o fluxo de veículos pesados na região.
A previsão é que a travessia, hoje feita por balsas que levam em média 18 minutos, seja reduzida para apenas dois minutos. Além disso, o túnel terá faixas exclusivas para pedestres, ciclistas e o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), garantindo mais segurança e agilidade.
O leilão para definir a empresa responsável pela construção está marcado para 1º de agosto, com inauguração prevista para 2028. Enquanto isso, o Ministério Público de São Paulo acompanha o licenciamento da obra, garantindo que as indenizações sejam justas e compatíveis com a realidade local.
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Este texto foi desenvolvido para engajar o público do setor portuário e logístico, destacando os impactos sociais.