O modal rodoviário brasileiro não possui capacidade para transportar um maior volume de mercadorias e acompanhar a retomada do crescimento da economia do Brasil. “Se o Brasil voltar a crescer 3% ao ano, não teremos rodovias suficientes para o aumento do transporte. Hoje, temos excesso de oferta de fretes, mas se o Brasil voltar a crescer, jogaremos pressão de demanda sobre o transporte rodoviário e não temos alternativas para determinados setores”, disse Bernardo Figueiredo, presidente da TAV Brasil, empresa que busca implantar trens de alta velocidade.
Figueiredo, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ex-presidente da EPL, afirmou que o crescimento da economia brasileira deve inverter o quadro atual de oferta e demanda de fretes. “Em vez de discutir o piso mínimo ao frete, discutiremos o teto do frete. Precisamos olhar a necessidade de abastecimento de corredores para o mercado interno e viabilizar como melhorar estradas para dar eficiência ao transporte rodoviário”, afirmou Figueiredo.
Na mesma linha, o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, afirmou que a agência vê a necessidade de voltar parte das ferrovias ao abastecimento interno e não somente para exportações. “Não vamos conseguir alcançar 40% do transporte pela ferrovia se não transferirmos a logística doméstica de insumos para as ferrovias”, apontou Vitale.
O presidente da Comissão de Infraestrutura da Frente Parlamentar da Agropecuária e ex-diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, também vê pressão sobre os preços dos fretes rodoviários. “Transportamos 323 milhões de toneladas por ano por rodovias, com 43% do modal apresentando ineficiência. Até 2030, não vamos nos livrar do transporte rodoviário e o custo vai aumentar ainda mais”, pontuou Pagot no seminário. Ele cobrou a execução dos projetos anunciados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) para ampliações de rodovias.