Os portos do Arco Norte aumentaram a participação nas importações de fertilizantes no primeiro semestre de 2024, que chegou a 3,7 milhões de toneladas de adubo no primeiro semestre de 2024, aumento de 860 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano passado, segundo relatório da consultoria Argus. Esse aumento, entretanto, está sob pressão devido à espera de uma pior seca no segundo semestre.
No total, o Brasil importou 17,8 milhões de toneladas de fertilizantes entre janeiro e junho, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Os portos do Arco Norte, rede de infraestrutura em torno principalmente de sete portos no Norte e Nordeste, cujo acesso se torna mais direto a produtores de grãos do interior, avaliou a Argus, em comunicado divulgado nesta quinta-feira (5/9).
A expansão do movimento na região reforça a capacidade do porto para entrada de nutrientes que, atualmente, é concentrada principalmente no Porto de Paranaguá (PR).
“A movimentação de fertilizantes nos portos do Arco Norte mais que dobrou em cinco anos. Os portos receberam 1,5 milhão de toneladas de fertilizantes em 2020, 1,9 milhão de toneladas em 2021. Os volumes subiram para 2,7 milhões de toneladas em 2022 e totalizaram 2,8 milhões de toneladas em 2023”, detalhou o relatório.
Contudo, há uma forte dependência do Brasil em relação às matérias-primas de nutrientes estrangeiras, o que é classificado como um problema por entidades, governo e indústrias nacionais. Por outro lado, o crescimento de produtividade, em especial, de soja e milho na região Norte e Nordeste faz com que a necessidade de compra de outras origens produtoras cresça e que a logística dos portos favoreça a chegada do produto a tempo.
“O aumento do volume de fertilizantes está relacionado à quantidade mais expressiva de soja e milho que continuam sendo exportados pelos portos da região. Ao descarregar grãos e oleaginosas nos portos e quando há carga de fertilizantes no trecho de retorno, as tarifas de frete diminuem devido às melhores condições de frete-retorno”, explicou a Argus.
De acordo com os analistas da consultoria, quando motoristas possuem carga de retorno, é possível cobrar fretes menores. “Na situação contrária, quando não há carga de retorno, o valor do frete aumenta, pois viajar com o veículo vazio não é ideal e contribui para a depreciação dos caminhões”, apontou o estudo.
No caso do milho, embora os volumes absolutos tenham diminuído, a participação de mercado dos portos do Arco Norte aumentou.
O Brasil exportou 8,4 milhões de toneladas de milho no primeiro semestre de 2024, abaixo de 11,6 milhões de toneladas no mesmo período de 2023, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Os portos do Arco Norte exportaram 4,1 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano e 4,3 milhões de toneladas nos mesmos seis meses de 2023.
Comparativamente, o porto de Santos, no estado de São Paulo, embarcou 2,3 milhões de toneladas em 2024 e 2,8 milhões de toneladas em 2023.
Alerta com a seca
“Embora o primeiro semestre de 2024 não tenha tido grandes problemas logísticos, as perspectivas para o resto do ano são preocupantes, devido ao fenômeno climático La Niña, que deverá gerar um clima mais seco do que o habitual na região do Arco Norte”, avaliou o levantamento da Argus.
A estiagem prolongada foi responsável por reduzir os níveis dos principais rios de transporte da região Norte, prejudicando a movimentação de cargas.
Os rios Tapajós, Madeira e Negro, que fluem para o rio Amazonas e depois deságuam no Oceano Atlântico, sofreram uma grave seca entre maio e dezembro de 2023, reduzindo os níveis dos cursos de água e impedindo a navegação de barcaças. “Isso prejudicou a movimentação de cargas na região, principalmente nos portos do Pará e do Amazonas”, atentaram analistas da Argus.
Com previsão de secas mais severas no segundo semestre deste ano, sendo que a Amazônia pode atingir sua maior estiagem em 20 anos, o aumento dos focos de incêndios e outros problemas devem redirecionar as cargas de grãos e de fertilizantes nos próximos meses, podendo traçar uma nova rota de desvio para Itaqui e outros portos do Sul e Sudeste do Brasil.
O aumento da entrada de adubo pelos sete portos do Arco Norte, então, fica ameaçado.