Assim como "mar calmo nunca fez um bom marinheiro", a trajetória de alguns operadores portuários do cais público, revela que é nas adversidades que se prova a resistência e a capacidade de adaptação, podendo a extinção do cais público ameaçar negócios e empregos. Boa leitura!
O Porto de Santos, maior porto da América Latina, enfrenta um período turbulento. A possível extinção do cais público colocou pequenos operadores e trabalhadores em estado de alerta. Para esses empresários, que não possuem áreas arrendadas, o fim do cais público significa perder acesso vital aos berços de atracação, ameaçando suas operações, investimentos e milhares de empregos diretos e indiretos.
Ao contrário dos grandes arrendatários, os operadores do cais público não dispõem de berços exclusivos. Suas atividades dependem inicialmente da necessidade da nomeação dos clientes importadores e exportadores, da disponibilidade e autorização da Autoridade Portuária, para a liberação dos berços de atração.
A mudança pode deixar esses operadores sem espaço para descarregar granéis sólidos, como fertilizantes e insumos industriais, que abastecem o agronegócio no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Empresas, que fazem parte da Câmara de Operadores Portuários do Cais Público do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), enviaram um ofício ao prefeito de Santos pedindo uma intervenção. Eles alertam que sem o cais público, não apenas as operações serão afetadas, mas também a geração de empregos e a arrecadação de impostos.
O risco de colapso logístico e econômico, sendo gerado pelas consequências do fechamento do cais público, vão além dos limites do porto.
Os empresários alertam que os terminais especializados existentes já operam próximos de sua capacidade máxima e não conseguiriam absorver a carga adicional.
Como resultado, pode ocorrer uma fuga de carga para outros portos, prejudicando a economia local e provocando a perda de empregos. "A falta de espaço criará um gargalo que terá repercussões graves na cadeia produtiva", afirmam os operadores.
Além disso, os importadores podem enfrentar custos mais altos com transporte e taxas de demurrage, elevando o já oneroso "custo Brasil". A interrupção das operações no cais público também comprometeria a competitividade do agronegócio, setor essencial para a economia nacional.
Os prejuízos são visíveis, e o impacto dessa incerteza começa a ser sentido e desenhado: caminhoneiros relataram a suspensão de embarques de grãos do Mato Grosso devido à insegurança quanto à continuidade das operações.
Os operadores alertam que, sem uma solução rápida, a paralisação se estenderá, agravando ainda mais a situação econômica e social da região. Um pedido urgente por soluções, já foi realizado, com o ofício enviado ao prefeito ressalta a importância do cais público para a economia local e nacional.
"As operações realizadas por pequenos operadores são fundamentais para a sustentabilidade do porto e a manutenção dos empregos", reforçam os empresários.
Eles pedem uma resposta imediata para evitar um colapso nas operações e proteger as milhares de famílias que dependem dessas atividades.
Se não houver uma solução rápida, o Porto de Santos pode enfrentar uma crise sem precedentes, prejudicando não apenas os pequenos operadores, mas também toda a cadeia logística e econômica que depende desse importante canal de exportação e importação.
Afinal, como diz o velho ditado: mar calmo nunca fez um bom marinheiro.
É fato que esses operadores, embora sem os privilégios de grandes arrendatários, são a espinha dorsal de grande parte das operações no Porto de Santos, essenciais não somente para o cais santista, mas para toda cadeia logística, mostrando que mesmo forças menores podem gerar grandes impactos.
No cenário atual, o fim do cais público é uma tormenta que ameaça não apenas suas operações, mas toda a estabilidade econômica da região. No futuro saberemos quais foram os verdadeiros motivos e interesses para essa mudança. (Luiz C Oliveira)