Técnologia & Inovação Inovação
O Túnel Imerso Entre Santos e Guarujá
Uma Revolução na Mobilidade Urbana
18/12/2024 10h17 Atualizada há 1 mês
Por: Redação
Foto Ilustrativa

A proposta de um túnel imerso ligando as cidades de Santos e Guarujá, separadas por um estreito canal de apenas 400 metros de distância, é um projeto que tem gerado grandes expectativas e debates nos últimos anos.

Esse túnel promete transformar não apenas a mobilidade urbana na região, mas também solucionar problemas crônicos que afetam o transporte entre esses dois importantes municípios. O projeto, que envolve uma série de desafios logísticos e técnicos, visa melhorar a conectividade e otimizar os fluxos de tráfego, que hoje estão saturados e apresentam impactos negativos no cotidiano de moradores e visitantes.

Os Desafios da Mobilidade Entre Santos e Guarujá

Atualmente, a mobilidade entre Santos e Guarujá é limitada a dois tipos principais de fluxos. O primeiro é o tráfego de veículos comerciais que atravessam o Porto de Santos, utilizando a rodovia Cônego Domênico Rangoni. Este sistema pertence à concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes e é essencial para a logística do Porto, um dos maiores e mais movimentados do Brasil. Já o segundo fluxo é composto por veículos de passeio, motociclistas, ciclistas e pedestres, que dependem das balsas ou barcas para realizar a travessia entre as duas cidades.

Embora eficiente, esse sistema de balsas apresenta limitações significativas, especialmente durante a alta temporada, quando o número de veículos de passeio aumenta consideravelmente. Em dias de grande movimento, as filas de espera podem superar uma hora, o que torna o processo demorado e frustrante para quem depende da travessia para o trabalho, estudos ou lazer. Em março de 2023, por exemplo, a travessia Santos-Guarujá registrou uma média diária de 14 mil veículos e 252 pedestres, além de milhares de ciclistas e motociclistas, o que coloca uma pressão enorme sobre o sistema.

A distância de aproximadamente 400 metros é percorrida em cerca de 7 minutos, mas a espera pode tornar esse tempo ainda maior, tornando evidente a necessidade de uma solução mais eficaz para atender à demanda crescente.

A Solução: O Projeto do Túnel Imerso

O novo projeto de infraestrutura visa solucionar esses problemas históricos e oferecer uma alternativa moderna e eficiente para a travessia entre Santos e Guarujá. O túnel imerso é uma das soluções mais inovadoras e viáveis, permitindo a conexão direta entre os dois municípios, sem interferir nas operações do Porto de Santos, que é uma das maiores movimentações de cargas do Brasil.

A construção do túnel, que ficará submerso sob o estuário, reduzirá drasticamente os tempos de espera e melhorará a circulação de veículos e pedestres entre as duas cidades. Além disso, a obra ajudará a aliviar a pressão sobre o sistema de balsas e barcas, proporcionando uma experiência de travessia mais rápida e sem interrupções.

Este projeto já foi qualificado pelo Governo Federal e pelo Estado de São Paulo, sendo incluído no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), além de fazer parte do Novo PAC, um programa federal de investimentos em infraestrutura. A importância do projeto é reconhecida por todos os envolvidos, dado o impacto direto que ele terá sobre a qualidade de vida da população e a eficiência do sistema portuário.

Parcerias Público-Privadas e o Processo de Execução

A realização do projeto do túnel imerso depende de um modelo de parceria público-privada (PPP), onde o governo federal e o governo do estado de São Paulo atuarão de forma conjunta com a iniciativa privada. Em fevereiro de 2024, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a União, o Estado de São Paulo e a Autoridade Portuária de Santos (APS), com a participação de agências reguladoras como a ANTAQ e ARTESP.

Esse acordo estabelece as diretrizes para a construção, operação e manutenção do túnel, além de definir os investimentos necessários. Um Grupo de Trabalho foi criado para coordenar todas as etapas do projeto até o leilão, garantindo que a obra seja executada de forma transparente e eficiente.

Consulta Pública: A Participação da Sociedade

Em março de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos iniciou a consulta pública para colher contribuições da sociedade sobre o projeto. A consulta tem como objetivo aprimorar o estudo e os documentos jurídicos relacionados ao túnel, permitindo que a população e outros interessados se manifestem sobre as propostas apresentadas. Além disso, audiências públicas serão realizadas nas cidades de Santos e Guarujá para garantir que o projeto seja adequado às necessidades locais e atenda aos anseios dos cidadãos.

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Essa participação ativa da sociedade é essencial para o sucesso do projeto, pois ela ajuda a identificar pontos críticos e sugestões que podem melhorar ainda mais a viabilidade e a aceitação do túnel imerso.

O Impacto para o Futuro da Região

O túnel imerso não é apenas uma obra de infraestrutura, mas um marco no desenvolvimento urbano e econômico da região. Além de melhorar a mobilidade e a qualidade de vida para os moradores de Santos e Guarujá, a construção do túnel trará benefícios significativos para a operação do Porto de Santos, facilitando o fluxo de cargas e passageiros e contribuindo para o crescimento da economia local. A obra também representa um avanço na modernização do transporte e na sustentabilidade da região, ao oferecer uma solução inovadora e menos impactante para o meio ambiente.

Com a parceria entre os setores público e privado, e o engajamento da população, o projeto do túnel imerso promete ser uma das grandes realizações em termos de infraestrutura no Brasil, com um impacto positivo duradouro para as cidades de Santos e Guarujá, além de fortalecer a posição estratégica do Porto de Santos no cenário global.

A construção do túnel imerso entre Santos e Guarujá é um projeto ambicioso, mas essencial para enfrentar os desafios da mobilidade e otimizar o funcionamento do Porto de Santos. Com a colaboração entre governos, agências reguladoras e a iniciativa privada, a obra tem o potencial de transformar a região, promovendo mais eficiência no transporte e melhorando a qualidade de vida de seus habitantes.

A consulta pública e a transparência nas etapas de desenvolvimento são cruciais para que essa grande obra se torne uma realidade no futuro próximo.

Etapas da construção:

 

1. Preparação do solo

A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.

2. Construção

Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.

3. Transporte

Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.

4. Posicionamento

Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.

5. Submersão

A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.

6. Ligação dos elementos

Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.

7. Acoplagem

A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.

8. Nivelamento

Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.

9. Proteção

Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.