O desenvolvimento do megaporto de Chancay, no Peru, tem o potencial de reconfigurar as rotas comerciais entre a América do Sul e a Ásia.
E isso inevitavelmente levanta a questão sobre os impactos que ele pode trazer ao Porto de Santos, o principal hub logístico do Brasil.
É sobre esse assunto que vamos falar hoje.
Boa leitura!
Como uma boa análise, acredito que os impactos para o Porto de Santos dependerão de dois fatores principais.
Os custos logísticos e a eficiência operacional. O Brasil é um dos maiores exportadores de produtos agrícolas e minérios para a China, o que faz do relacionamento comercial entre os dois países uma prioridade estratégica.
Contudo, não podemos deixar de enfatizar a distância geográfica e a estrutura logística ainda colocam Santos em posição vantajosa em relação ao Chancay.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
É preocupante a competitividade logística, pois o porto peruano está claramente posicionado para atender as demandas das exportações da costa do Pacífico, mas é pouco provável que ele se torne a principal rota para escoamento de produtos brasileiros.
A maior parte das zonas produtivas do Brasil, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste, está mais próxima dos portos do Atlântico, como Santos, que oferecem custos terrestres menores para o transporte interno.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Vamos levantar um simples exemplo: para levar grãos ou minérios brasileiros até o Chancay, seria necessário cruzar a Cordilheira dos Andes ou utilizar a Rodovia Interoceânica, uma via que já mostrou suas limitações em termos de volume transportado e custos elevados.
Desse modo isso já inviabiliza economicamente o uso massivo dessa rota para exportações brasileiras.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Porque não complementar ao invés de uma concorrência direta, pouco inteligente. Você não acha?
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
O Megaporto de Chancay deve funcionar como um polo estratégico para países andinos e, potencialmente, para regiões do Brasil mais próximas do Pacífico, como o Acre ou partes do Amazonas.
No entanto, essas áreas representam uma fração mínima do volume exportado pelo Brasil.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Vale lembrar que o Porto de Santos, possui infraestrutura consolidada e conexões globais já bem estabelecidas, incluindo acordos comerciais com a China que envolvem exportações volumosas de soja, minério de ferro e carne.
É evidente que a China vem implementando, ao longo de décadas, seu plano estratégico e explorando todo o seu potencial por meio da chamada Nova Rota da Seda.
É claro que um porto já consolidado, como o Porto de Santos, dificilmente será substituído por um porto recém-inaugurado, mesmo que altamente moderno. Ou será que será?
Apesar de todo o esforço que os portos brasileiros têm feito na corrida pela modernização.
Embora o impacto direto no fluxo de mercadorias de Santos para a Ásia seja limitado, a existência de um concorrente moderno como Chancay coloca pressão para que o porto brasileiro melhore sua eficiência.
Hoje, e sempre o Porto de Santos sofre com gargalos logísticos, incluindo saturação de terminais e limitações no acesso terrestre, como filas em rodovias e ferrovias.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Se Chancay conseguir cumprir a promessa de reduzir custos e tempo de transporte, isso pode criar um efeito indireto no Porto de Santos.
Operadores e exportadores poderão exigir melhorias na infraestrutura brasileira para que Santos mantenha sua competitividade global. E isso poderá um efeito dominó.
Acredito que todo desafio traz consigo uma oportunidade de integração, e é com essa perspectiva que deveríamos enxergar as possibilidades!
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Possibilidades, menos explorada, é que Chancay e Santos funcionem de forma complementar.
Produtos brasileiros poderiam ser enviados ao Peru para posterior distribuição via Pacífico, reduzindo o tempo de trânsito até a Ásia.
No entanto, para que essa integração ocorra, seriam necessárias obras significativas na malha rodoviária e ferroviária brasileira, além de acordos bilaterais que tornem a rota economicamente viável.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
O Porto de Santos continuará sendo o principal hub logístico do Brasil no futuro próximo, devido à sua localização estratégica e ao volume de exportações já estabelecido.
Contudo, o surgimento de Chancay deve ser um alerta para a necessidade de modernização. A concorrência indireta exigirá que o Porto de Santos amplie sua capacidade, reduza custos e melhore a eficiência operacional para manter sua posição de destaque no comércio com a China.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
Se ignorarmos essa nova realidade, é possível que, a médio e longo prazo, uma parcela do comércio regional seja redirecionada para novos hubs, deixando o Porto de Santos com menos relevância no cenário logístico global.
Contribua ao Jornal Portuário, para um jornalismo independente
O conteúdo desse artigo é de responsabilidade do seu autor e não representa exatamente a opinião do JORNAL PORTUÁRIO.
Mín. 20° Máx. 26°
Mín. 18° Máx. 25°
ChuvaMín. 18° Máx. 23°
Chuvas esparsas