Mesmo em um cenário considerado difícil para o setor de celulose, a Eldorado Brasil se destacou em 2024 ao atingir uma produção de quase 1,8 milhão de toneladas do produto — 19% acima da capacidade nominal da planta. O desempenho, considerado recorde especialmente em um ano com parada geral programada, também se refletiu nos resultados financeiros: o lucro líquido fechou em R$ 1,096 bilhão.
Fernando Storchi, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eldorado, destacou que a performance foi impulsionada pela eficiência das operações florestais e industriais, que ajudaram a neutralizar os efeitos da inflação. Outro fator decisivo foi a logística flexível, um diferencial estratégico da companhia.
Esse alinhamento entre as áreas impactou diretamente o Ebitda ajustado, que atingiu R$ 3,3 bilhões, com margem de 51,4% — aumentos de 23,9% e 5,4 pontos percentuais, respectivamente, em relação a 2023.
De acordo com o Diretor Comercial e de Logística, Rodrigo Libaber, a receita líquida ultrapassou R$ 6,3 bilhões, com 98,4% provenientes da venda de celulose. O restante da produção foi direcionado para recomposição de estoques. A alta na receita também se deveu à valorização dos preços internacionais, impulsionados por uma restrição global na oferta de celulose e pela variação cambial.
Com uma gestão financeira eficiente, a Eldorado conseguiu reduzir seu endividamento em 20,6%. Ao mesmo tempo, investiu R$ 965 milhões em 2024 (valor que ultrapassa R$ 1 bilhão com a parada geral), com foco em manutenção industrial e florestal, além da construção do EldTech, seu novo centro de tecnologia florestal.
Inaugurado em outubro, o EldTech é voltado para o desenvolvimento de biotecnologia, melhoramento genético, manejo do solo e combate a pragas.
“Temos que garantir a busca pela árvore perfeita, aplicando tecnologias e inovações que nos deem condições de adaptação ao clima futuro”, afirmou Libaber.
Segundo dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), o Brasil bateu recorde de produção e exportação de celulose em 2024:
25,5 milhões de toneladas produzidas
US$ 10,6 bilhões em exportações (+33,2%)
China, Europa e América do Norte foram os principais mercados, com 44%, 27% e 16% das exportações, respectivamente.
Esse avanço foi impulsionado por dois fatores principais:
Expansão dos plantios florestais – o setor planta cerca de 1,8 milhão de árvores por dia e atingiu 10 milhões de hectares cultivados.
Investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) – R$ 122 milhões aplicados em 735 projetos em 2023, focando em novas tecnologias e melhorias genéticas.
A Eldorado é autossuficiente em energia elétrica renovável e utiliza 100% da árvore na produção. O excedente energético da empresa poderia abastecer uma cidade de 2,1 milhões de habitantes.
Com mais de 500 equipamentos monitorados em tempo real nas florestas, a empresa aposta fortemente em tecnologia e conectividade para reduzir perdas e aumentar a produtividade.
“A Eldorado seguiu fazendo investimentos sólidos para se manter na vanguarda e competitiva no mercado”, reforçou Storchi.
De 2024 a 2028, o setor florestal deve receber R$ 105 bilhões em investimentos, sendo uma das quatro maiores carteiras de investimento privado do Brasil. Os principais focos são:
Modernização industrial
Ciência e tecnologia
Expansão de florestas plantadas
Paulo Hartung, presidente da Ibá, aponta que, mesmo com desafios como instabilidades geopolíticas e escassez de mão de obra, o Brasil deve seguir como maior exportador e segundo maior produtor de celulose do mundo.
“É preciso ter um olhar amplo para enfrentar as dificuldades, mas também ver as oportunidades que aparecem nesses momentos de tensão”, afirmou.
A Eldorado tem sua base de crescimento sustentada em quatro pilares:
Sustentabilidade, inovação, competitividade e valorização das pessoas.
Com cerca de 160 clientes em mais de 40 países, 88% das vendas são feitas por contratos de longo prazo, o que garante estabilidade e previsibilidade.
“A competitividade está ligada ao cuidado com a madeira, à ciência e ao planejamento. Mas as pessoas são a parte mais importante, com um forte sentimento de dono”, concluiu Libaber.
A expectativa para 2025 é manter a produção elevada, com volume próximo a 1,8 milhão de toneladas. Com contratos bem posicionados e controle de custos, a Eldorado segue otimista para entregar mais um ano de resultados fortes.