Nesta quinta-feira, 3, o Museu Municipal Francisco Coelho abriu duas novas exposições para celebrar o aniversário de 112 anos de Marabá. A primeira, com pinturas realizadas por pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e da Ala Psicossocial do Hospital Municipal de Marabá (HMM); a segunda exposição “O rio, a mata e a casa” é uma curadoria do próprio museu, com obras do artista Pedro Morbach, sobre as mulheres marabaenses.
A primeira exposição foi uma idealização da psicóloga Lanúzia Lobo. Ela ressalta ser importante mostrar à sociedade o que é produzido dentro da prefeitura e fomentar debates como o da saúde mental, além de colocar em destaque o serviço público disponibilizado para esse segmento.
“Nós temos trabalhos de arte brilhantes, que são feitos e precisam ser mostrados. A sociedade precisa ter acesso a esses conteúdos e, principalmente, pela função social disso, que é a de educar as pessoas em relação à cura, ao tratamento da saúde mental. A arte é um poderoso aliado para a gente evoluir socialmente e trabalhar nossas questões internas, para o nosso desenvolvimento interno poder aflorar e a partir disso a gente poder construir uma cidade mais sensível a todos, às diferenças de cada pessoa também. A arte nos possibilita isso”, afirma.
A arte terapia é uma importante ferramenta de humanização do tratamento de transtornos mentais. Por exemplo, o filme Nise – O Coração da Loucura (2016) busca apresentar a trajetória da psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou os métodos de tratamento de pessoas com transtornos mentais no país no Século XX e o incentivo à expressão artística dessas pessoas foi uma forma de humanizar o tratamento.
A coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (SMS), Gisele Freitas, pontua que a exposição é importante para que os pacientes apresentem seus trabalhos, principalmente porque muitos não conseguem se expressar oralmente, apenas pela arte. Nesse sentido, o que produzem busca retratar o que sentem.
“A gente tem algumas artes da Ala Psicossocial que você pode perceber algumas manchas, que parece que está borrado e, na verdade, não está borrado, foi proposital, a paciente estava chorando quando estava fazendo a arte dela. É muito bom essa exposição aqui porque a gente mostra que o paciente é capaz de artes maravilhosas. As pessoas ainda têm preconceito com os nossos pacientes e eles têm que buscar o espaço deles porque nenhuma pessoa está imune a ter um surto, a ter depressão. O nosso trabalho como os pacientes é fazer com que eles façam o tratamento adequado e consigam viver em sociedade”, comenta.
A enfermeira psiquiátrica Sara Rocha explica que os pacientes internados na Ala Psicossocial do HMM geralmente estão em surto psicótico ou grave sofrimento mental e por causa disso perdem algumas funções sociais relacionadas ao autocuidado, pensamento desorganizado, linguagem e alterações de comportamento, por exemplo.
Quando da internação, para além do tratamento medicamentoso, outras atividades terapêuticas são utilizadas relacionadas às expressões artísticas, corporais e de pensamento dos pacientes. As atividades são idealizadas e adequadas à situação de cada um. Dependendo do transtorno e da evolução no tratamento, alguns pacientes podem ter mais aptidões para artes manuais ou pintura.
“Quando o paciente está internado, conforme fazemos as avaliações, a equipe multidisciplinar define um plano terapêutico e em alguns momentos desse plano está posto alguma atividade corporal, física, vôlei, ou alguma atividade artística como pintura, colagem, dança, música, karaokê e as pinturas em tela. Essa exposição é resultado de trabalhos realizados pela equipe multidisciplinar”, ressalta Sara Rocha.
A exposição “O rio, a mata e a casa: os lugares das mulheres marabaenses na Pinacoteca Pedro Morbach” foi construída por curadoria do próprio museu que fez um levantamento das obras presentes na pinacoteca, que fica localizada na Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM). O objetivo foi pensar o lugar dessas mulheres no acervo da pinacoteca.
“Acreditamos que através dessa exposição nós conseguimos capturar diversas camadas dessas mulheres marabaenses, tanto na perspectiva étnico-racial, quanto na domesticidade, do trabalho não remunerado, da mulher cansada, de braços cansados, de aparência. Então, conseguimos expressar o que queremos aqui, que é parabenizar a cidade e dar foco a essa mulher marabaense que passa por todos os cantos e que nos engrandece de alguma forma”, destaca Lara Luz, diretora do Museu Municipal.
As exposições seguem até maio. O Museu funciona de terça à sexta, das 9h às 17h. Aos sábados e domingos o funcionamento é de 9h às 13h.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes
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