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O Encanto do Trabalhador

No entanto, não basta que...

23/01/2025 08h39
Por: Colunistas
Imagem Ilustrativa
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“O trabalho dignifica o homem!”.

Gonzaguinha também cantou algo semelhante: “Um se humilha se castram seus sonhos. Seu sonho é sua vida, e a vida é o trabalho. E sem o seu trabalho, o homem não tem honra. E sem a sua honra, se morre, se mata! Não dá para ser feliz!”.

Em ambos os casos, entenda-se “homem” como ser humano, pois o trabalho não faz discriminações: é universal e aquece até na Física.

Eu tinha curiosidade sobre a frase “Trabalha e confia”, da bandeira do Espírito Santo. Pesquisei e descobri que é uma síntese da frase: "Trabalha como se tudo dependesse de ti, e confia como se tudo dependesse de Deus", atribuída a Jerônimo de Sousa Monteiro, advogado e político capixaba.

Também existe outra frase emblemática sobre o tema: “O trabalho liberta”. Apesar de fazer referência a um dos períodos mais terríveis da história contemporânea, ela é verdadeira, ao menos para os que não nasceram em famílias abastadas e decidem viver a vida honestamente.

No entanto, não basta que o trabalho dignifique o ser humano: é preciso que o trabalho também seja digno, inclusive de nos encantarmos com ele, ou seja, encontrarmos motivação, utilidade e prazer no que fazemos.

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Talvez não exista pior trabalho do que aquele que faz com que não queiramos acordar pela manhã; que nos consome tanto tempo, corpo e alma, que não nos permite aproveitar coisas boas da vida, como família e amigos; que nos limita ou suprime a liberdade de buscar oportunidades para ascender profissional e pessoalmente.

Mesmo assim, a necessidade de tentar assegurar melhores condições de vida e futuro para os descendentes não desanima pessoas que acordam de madrugada e viajam horas para irem e voltarem de seus locais de trabalho, praticamente resumindo suas vidas como na expressão francesa: “Métro, boulot, dodo” (transporte, trabalho, dormir), numa tradução adaptada.

Pelos mesmos motivos, há quem trabalhe vários períodos por dia, em empregos diferentes, às vezes até em fins de semana.

No entanto, também há os que trabalham compulsivamente, e os que “espanam”. Como virou moda no Brasil, existem palavras e expressões em inglês para definir essas condições no ambiente corporativo: “workaholic”, “burnout”, etc., além de algumas que já foram adaptadas ao português, como estresse. Resiliência já existia e, assim como estresse, deriva da Física, mais especificamente da Resistência dos Materiais, disciplina básica de cursos de Engenharia.

O que definiria um trabalho ideal, que associasse honra, libertação e prazer?

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Num curso que fiz, um dos professores falou sobre ciclos e como eles afetam nossas vidas. Ele os descreveu como se fossem trajetórias balísticas, com início e ápice, seguido de queda, valendo para relacionamentos humanos e trabalho. Continuou sua tese afirmando que, ao atingir o ápice, é necessário iniciar novo ciclo, sempre ascendente. Caso isso não ocorra, a tendência é a decadência, é quando a motivação e o prazer se transformam em rotina, monotonia.

Essa mudança de ciclo pode ser pela ruptura de relacionamentos, mudança de emprego, cidade ou país, etc. Mas também pode uma mudança de nível: casamento, reinvenção de relacionamentos, mudança de área ou de local de trabalho, inovações ou novos aprendizados.

A remuneração é, sempre, importante, mas não necessariamente determinante.

Conheço pessoas que deixaram polpudos salários para terem uma vida mais tranquila, sem comprometer o futuro de suas famílias. Estar com a família tende a ser muito mais importante do que escolas caras, roupas de grife e vontades feitas.

Por outros motivos, até mais graves, também reduzi minha jornada de trabalho, depois de acumular quatro empregos e chegar a trabalhar quase 48 horas seguidas.

Não sou mais jovem, fisicamente, mas minha mente se renova em busca de desafios prazerosos, na vida e no trabalho, incluindo momentos de “dolce far niente”.

Outro Espírito Santo tem me ajudado nesse ciclo, unindo o trabalha e confia, ao vivendo e aprendendo, e ao “carpe diem”, com indispensáveis doses de amor.

Qual o trabalho ideal? É aquele que, de forma prazerosa, honra, liberta e encanta! Aliás, como deve ser tudo na vida.

 

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Adilson Luiz Goncalves
Sobre Adilson Luiz Goncalves
Escritor, Engenheiro, Pesquisador Universitário e membro da Academia Santista de Letras. Siga-me: https://www.linkedin.com/in/adilson-luiz-gon%C3%A7alves-b8623930/
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