Hospital São José celebra 55 anos de superação de desafios e assistência à saúde da população cearense

Referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, HSJ foi inaugurado em 31 de março de 1970

O Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, completa 55 anos nesta segunda-feira (31). Reconhecida pelo atendimento humanizado aos pacientes, a instituição tem a sua história marcada pelo enfrentamento das pandemias do HIV/aids e da covid-19, além de epidemias como dengue, cólera e coqueluche.

Em sua primeira década de funcionamento, o hospital acolheu pacientes com doenças como tétano, raiva humana, difteria, coqueluche, febre tifoide, meningite, tuberculose e hepatites virais. Com o aparecimento da aids (estágio avançado da infecção pelo HIV) na década de 1980, o HSJ passou a receber também os pacientes diagnosticados com a doença, tornando-se, por muito tempo, a única unidade a atender pessoas positivas no Estado.

O diretor-geral do HSJ, Edson Buhamra, destaca que, durante todos esses episódios de endemias no Brasil e no Ceará, o HSJ sempre esteve disposto a enfrentar todos os desafios para melhor atender os pacientes. “O São José nunca se rendeu às dificuldades e nunca deixou de fazer seu dever por dificuldades pontuais. Se falta algo, a gente improvisa; se a gente não sabe, a gente vai aprender. É um hospital que está sempre buscando a melhoria para a população”, enfatiza.

A unidade conta com 1.186 funcionários e dispõe de ambulatórios especializados, Emergência 24 horas e UTI, entre outros serviços

Para além da qualidade técnica dos serviços e da modernização dos equipamentos, o gestor ressalta como principal diferencial da instituição a dedicação dos profissionais que a integram. “Apesar de toda a idade do hospital e de toda a tecnologia, o ponto fundamental do nosso excelente resultado são os profissionais. Quem vem para cá, gosta do São José. Nós temos essa postura de os diretores ficarem muito próximos dos funcionários: todo mundo trabalha junto, todo mundo se fala e se comunica. Isso forma um grupo muito unido, no qual todo mundo fala a mesma linguagem, o que é muito importante”, salienta Buhamra.

Atualmente, a unidade é composta de 1.186 funcionários e reúne uma ampla gama de serviços, como ambulatórios especializados, Emergência 24 horas, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Hospital Dia, Programa de Atendimento Domiciliar (PAD), Imaginologia, Laboratório, Farmácia, entre outros.

Atendimento especializado e humanizado

“Aqui está sendo ótimo, porque atendem a gente muito bem”, elogia Francisco Geraldo de Lima, paciente do HSJ, ao lado da esposa Herbênia Rodrigues

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Natural de Mombaça, o agricultor Francisco Geraldo de Lima Silva, 38, está internado no HSJ há cerca de 35 dias para tratamento da histoplasmose, infecção fúngica que lhe estava causando febre alta e muita tosse. “Fiz bastante exame particular e, para você ver, não deu diagnóstico de nada. Fui para o posto de saúde, que é do SUS, e mandaram a gente vir para cá, porque podia ser algo mais sério. Aqui eu tô me tratando e, graças a Deus, tô sempre melhor”, relata. “Aqui está sendo ótimo, porque atendem a gente muito bem. Passam psicólogo, enfermeira, médico, todo o tempo me orientando”, elogia.

Entre os trabalhadores que compõem o HSJ está a servidora pública e fisioterapeuta Lea Queiroz, que atua na instituição há mais de 25 anos. Um dos períodos mais marcantes na unidade, segundo ela, foi o enfrentamento da pandemia da covid-19, que demandou o aprendizado em tempo recorde de novas técnicas para lidar com uma infecção ainda desconhecida e, mais ainda, o acolhimento humanizado a pacientes que temiam a doença.

Fisioterapeuta do Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) do HSJ há 25 anos, Lea Queiroz declara que o aprendizado com os pacientes é constante 

“A covid me ensinou? Me ensinou, mas me ensinou mais como enfrentar o medo e, por exemplo, convencer uma pessoa a ficar dentro de um capacete Elmo [iniciativa de força-tarefa liderada pela Escola de Saúde Pública do Ceará]. Eu coloquei na cabeça dos pacientes que, melhor do que ficar do lado de fora respirando normal, era ficar dentro do Elmo, que tinha um ar especial, todo limpo — e era. Era cansativo, mas era tão prazeroso que eu me esquecia do cansaço, porque era bom para mim. Eu estava me doando, mas eu não estava me esquecendo de mim, eu estava me alimentando da história do outro”, relembra.

Apaixonada pelo hospital, Lea Queiroz afirma que o aprendizado com os pacientes é constante. “Se eu pensar que não vou ter que aprender nada, na semana seguinte tem um aprendizado. E é sempre assim, com os pacientes me ensinando”, conta.

Histórico

O HSJ tem como missão assegurar um atendimento humanizado e de qualidade no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas. Na sua concepção, era um espaço mais restrito e marcado pelo isolamento de pacientes, que não podiam receber visitas e tinham de enfrentar as enfermidades com poucas ferramentas de tratamento disponíveis. Com o surgimento das vacinas, houve a redução de casos de determinadas enfermidades, e a unidade seguiu se especializando na busca pela melhor forma de tratamento.

A instituição também ganhou destaque pelo trabalho com ensino e pesquisa, contribuindo com a formação de médicos infectologistas e profissionais de outras áreas da saúde. Ao longo dos anos, o Hospital São José foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) por ter um dos mais modernos centros de estudos do Norte e do Nordeste, com relevante atuação em projetos como a Rede Universitária de Telemedicina (Rede Rute), uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para aperfeiçoamento de trocas de experiências com hospitais de várias regiões do Brasil e do exterior.

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