A possível extinção das operações no cais público do Porto de Santos e a transferência dessas áreas para arrendatários privados geram preocupações entre trabalhadores e empresários. Segundo operadores portuários, a mudança pode levar à demissão de 387 trabalhadores com carteira assinada e afetar diretamente a renda de cerca de 338 mil engajamentos de trabalhadores avulsos registrados em 2023.
Empresas que operam no cais público alertam para a falta de atracação disponível caso percam o acesso aos piers públicos. Entre janeiro e setembro de 2023, essas empresas ofereceram mais de 233 mil engajamentos a trabalhadores avulsos — contratações temporárias essenciais para categorias como estivadores, conferentes e operadores de guindastes.
Além disso, outros 370 prestadores de serviço e 1.100 carreteiros autônomos que atuam na área também podem perder sua renda.
Agronegócio em alerta
Os operadores destacam que 90% das mercadorias descarregadas nesses berços são insumos para fertilizantes e ração animal, fundamentais para o agronegócio das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
O documento, enviado ao prefeito Rogério Santos por dez empresas do setor, alerta que o fim do cais público pode elevar os custos logísticos e comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro, uma vez que outros terminais não teriam capacidade para absorver a demanda.
Entre as empresas signatárias estão Alphamar Port Services, Agrobulk, Comportce e Sanport Logística, todas associadas ao Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp).
As empresas alertam que a falta de espaço nos terminais especializados pode forçar a transferência de cargas para outros portos, gerando perdas econômicas para a região e impacto direto na arrecadação de impostos.
Efeitos sobre a cadeia logística
O possível fim do cais público também coloca em risco o trabalho de 600 motoristas de "vira", que transportam cargas entre terminais de Santos e Cubatão, além de 500 carreteiros que fazem transporte para outras regiões do estado e do país.
A mudança pode aumentar os custos operacionais com demurrage (taxa por atraso na devolução de navios), impactando diretamente o custo Brasil.
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Dificuldades na redistribuição de carga
Os operadores alertam que terminais como o Termag, Tiplan e Hidrovias não conseguiriam absorver toda a carga de graneis sólidos atualmente movimentada pelo cais público. A estimativa é de que, mesmo com a abertura de novos terminais, ainda haverá um déficit anual de descarga entre 2,5 e 3,5 milhões de toneladas, o que pode prejudicar a cadeia produtiva e o crescimento do mercado de fertilizantes, que avança 5% a 7% ao ano.
Preocupações econômicas e sociais
Os empresários enfatizam a importância das operações do cais público para a economia local e nacional, não apenas pela geração de empregos, mas também pela manutenção da competitividade do agronegócio. “A extinção dessas operações não apenas aumenta o custo logístico para importadores, mas pode causar uma fuga de cargas para outros portos, com impacto significativo na economia local e na arrecadação de impostos”, destaca o ofício.
Com o futuro do cais público incerto, cresce a pressão para que autoridades municipais e portuárias encontrem soluções que preservem empregos e garantam a continuidade das operações essenciais para o agronegócio e a indústria química.
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