O Porto de Santos, popularmente conhecido como o maior porto do Brasil, é, além disso, o segundo maior da América Latina em movimentação de contêineres. De acordo com uma matéria publicada em março de 2024 pela Secretaria da Comunicação, o porto corresponde a quase 30% da balança comercial brasileira, sendo, assim, fundamental para a economia e o desenvolvimento do país.
Essa importância se reflete claramente nas movimentações ocorrentes. Cerca de 5.190 navios passaram pelo Porto de Santos no ano de 2023, dos quais aproximadamente 4.412 eram de longo curso (comércio exterior) e 778 de cabotagem (comércio nacional). Segundo o site oficial da ANTAQ, entre janeiro e julho de 2024, foram movimentadas em Santos cerca de 81 milhões de toneladas, sendo 76% no sentido de embarque e 24% no sentido de desembarque.
O maior grupo de mercadoria (em peso de carga bruta) é o de contêineres, que supera o segundo colocado, os fertilizantes, por uma diferença de 7.259.175 toneladas.
Além dos contêineres, o Porto de Santos também movimenta granel sólido (mineral e vegetal), granel líquido (combustíveis, químicos, sucos cítricos), celulose, RO-RO (veículos) e passageiros, com essa movimentação ocorrendo durante os períodos quentes do ano, geralmente entre novembro e abril.
Para atender a perfis tão diversos e necessidades distintas, o porto conta com 53 terminais, sendo 39 pertencentes ao porto organizado, 8 terminais retroportuários e 6 terminais de uso privado (TUPs), que incluem Usiminas, Tiplam, DP World, Cutrale, DOW e Saipem. Com sua significativa movimentação, as operações de contêineres ocorrem em 11 berços localizados em 4 terminais diferentes (Santos Brasil, Ecoporto Santos, DP World Santos e Brasil Terminal Portuário) e, desde 2012, seguem em crescimento, atingindo aproximadamente 4,986 milhões de TEUs em 2022.
O granel sólido vegetal, por sua vez, opera em 16 terminais diferentes (ADM do Brasil, TES, Terminal XXXIX, Cutrale, TEG, TEAG, TGG, Bunge Moinho Pacífico, Bunge Moinho Santista, T-Grão, Copersucar, Elevações Portuárias, Cereal Sul, Terminal 12ª, Neves e Marinheiro, Tiplam) e representa uma parte significativa das exportações brasileiras, como milho, soja e diversos outros produtos.
Enquanto isso, o granel sólido mineral, como fertilizantes, enxofre e sal, tem previsão de expansão das instalações portuárias nos próximos anos. Atualmente, movimenta cerca de 13 milhões de toneladas por ano e opera em 4 terminais distintos (Termag, SSZ 31, Hidrovias do Brasil e Tiplam).
Os graneis líquidos químicos e combustíveis concentram-se na Ilha Barnabé e na Alamoa, mantendo-se mais afastados por questões de segurança, com a movimentação dividida em 11 terminais, tais como: Petrobrás, Ageo, Ageo Norte, Ageo Leste, Adonai, Stolthaven, Ultracargo, Vopak, Granel, DOW e Tiplam. É importante destacar os terminais de sucos cítricos, visto que o Brasil é o maior produtor de laranja e, consequentemente, de suco de laranja do mundo, com 80% do comércio global desse produto proveniente do país. As operações de sucos cítricos ocorrem em apenas 3 terminais: Cutrale, NST e Citrosuco.
Em 2022, 7,2 milhões de toneladas foram exportadas por meio do Porto de Santos, através de 7 terminais (Bracell Arm 14A, Eldorado, Suzano, NST, Bracell Arm 15, Rhisis e DP World Santos).
No que se refere aos veículos no território brasileiro, o Porto de Santos corresponde a cerca de 25% do total da movimentação e possui 2 terminais que operam essa subdivisão: TEV e Ecoporto. Por fim, os navios de cruzeiro também têm presença marcante no porto santista, que recebe todos os anos os navios da MSC e da Costa para a temporada brasileira, movimentando cerca de 177.508 passageiros por ano, sem contar a tripulação, fundamental para o bom funcionamento dessas embarcações. Os cruzeiros possuem apenas um terminal, o Concais.
Cabe ainda acrescentar que, em 2023, foi autorizada pelo Ministério de Portos e Aeroportos a instalação de mais um Terminal de Uso Privado (TUP), o Santos Terminais Sustentáveis, com investimento previsto de cerca de R$ 7,6 bilhões. O novo terminal ficará localizado na margem esquerda do porto e deve movimentar granéis líquidos e sólidos, além de carga conteinerizada.
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O acesso ao Porto de Santos se dá por meio rodoviário e ferroviário, em que 42% da malha rodoviária brasileira e 67% da ferroviária integram a hinterlândia primária do porto. São cerca de 7.587 caminhões e 1.381 vagões por dia para atender à demanda portuária, movimentando cerca de 9 milhões de toneladas por ano e realizando a distribuição de toda a mercadoria e matéria-prima que chega ao porto, além de ter papel fundamental na exportação do país.
Como em qualquer porto, a profundidade do canal influencia diretamente a movimentação de navios. De acordo com a Autoridade Portuária, o canal de navegação possui 24,6 km de extensão, profundidade de 15 metros e largura média de 220 metros, contando com dragas para efetuar a manutenção da profundidade do canal.
É importante considerar que a navegação em mão dupla pode ocorrer no canal do porto e, conforme informação fornecida pela praticagem no 44° Encontro Nacional de Praticagem, os momentos de cruzamento de navios, as chamadas "manobras casadas", são situações críticas que envolvem planejamento e conhecimento geográfico e técnico do prático, a fim de otimizar o tempo e os recursos, além de evitar e eliminar possíveis acidentes.
De acordo com a Labtrans, um Hub Port refere-se a um porto concentrador de rotas de navegação e de cargas, com a atribuição de receber uma quantidade considerável de volumes e distribuí-los para portos menores. Essa concentração resulta de estratégias que visam aumentar o tamanho das embarcações, reduzindo o número de escalas das diversas companhias de navegação, possibilitando, assim, a redução dos custos e o aumento na eficiência da distribuição.
Para que isso seja possível, os Hub Ports precisam estar localizados em locais estratégicos e, considerando o tamanho das embarcações, necessitam de uma profundidade maior, tendo em vista o calado dos navios de maior porte. De acordo com Agelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), a expectativa é que o Porto de Santos se consolide como Hub Port da América Latina até 2030.
por: Suelen de Goes Fonseca
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