Em sua primeira entrevista em cinco anos sobre a disputa pela Eldorado Celulose, Cláudio Cotrim, diretor-presidente da Paper Excellence, reafirmou que a empresa não tem interesse em manter as terras que possui no Brasil. A empresa, que controla a unidade de celulose Eldorado localizada em Três Lagoas, anunciou que, caso adquira o controle total da planta, venderá os cerca de 14 mil hectares que atualmente fazem parte de sua posse. A entrevista foi concedida ao jornal Folha de São Paulo.
Cotrim afirmou que a Paper Excellence protocolou, no dia 13 de novembro, um pedido formal no Ministério do Desenvolvimento Agrário e na Advocacia-Geral da União (AGU) para abrir um processo administrativo e firmar um termo de compromisso com o governo brasileiro. "Nos comprometemos a vender as terras e converter todos os contratos de arrendamento em parcerias rurais, conforme a legislação brasileira", explicou o executivo.
A disputa em torno da Eldorado, que envolve a Paper Excellence e a J&F, dos irmãos Batista, está sendo marcada por questionamentos sobre a posse de terras no Brasil, uma vez que a Paper, embora seja uma empresa brasileira, é controlada por Jackson Wijaya, um empresário indonésio de origem chinesa. De acordo com a legislação nacional, empresas estrangeiras precisam de aprovação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para adquirir grandes áreas rurais.
A Paper Excellence, que já venceu uma arbitragem e superou desafios legais no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), defende que sua aquisição da Eldorado, um complexo industrial que inclui fábricas e porto, está dentro dos limites da legislação. "Estamos comprando uma fábrica, não terras", afirmou Cotrim. Ele acrescentou que a terra representa apenas 0,6% do valor total do negócio de R$ 15 bilhões.
No entanto, o impasse agora gira em torno da necessidade de a Paper notificar o Incra sobre a posse das terras, o que, segundo a empresa, não seria necessário no caso específico da Eldorado. Para resolver a situação, Cotrim espera que a formalização do compromisso com o governo brasileiro retire as dúvidas sobre a legalidade da transação, permitindo a transferência das ações sem mais obstáculos.
A disputa já dura cinco anos. "Operacionalmente não (atrapalha), mas retarda investimentos e prejudica o crescimento da empresa", lamentou Cotrim, destacando a importância de resolver a questão o mais rapidamente possível.
O caso segue em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), com uma audiência de conciliação marcada para a próxima segunda-feira (18), na tentativa de sanar as divergências entre a Paper Excellence e a J&F.
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