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Mulheres entregadoras: como é a presença feminina no delivery e no transporte de cargas

Especialista comenta a realidade deste público e prevê melhora nas condições e oportunidades do segmento

24/09/2024 17h04
Por: Clipping
Freepik
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Tradicionalmente dominado por homens, o segmento de entregas vem, aos poucos, experimentando uma mudança de perfil entre seus trabalhadores. As mulheres, que antes eram quase invisíveis, começam a ganhar espaço, ocupando um número crescente de vagas como entregadoras.

No setor de carga e logística, por exemplo, 180 mil mulheres no Brasil dirigem caminhões, transportando cargas de norte a sul, cerca de 6,5% dos mais de 2 milhões de motoristas que circulam pelo país; de acordo com o Detran, os números representam uma tendência de alta.

No delivery, há quase 90 mil mulheres trabalhando como entregadoras, como indica o último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o tema.

Para Ana Carolina Cabral, gerente de produto da Gaudium, startup focada nos mercados de mobilidade e entrega, à medida que mais mulheres ingressam no mercado de entregas, é possível notar uma transformação significativa no setor, tanto em termos de diversidade quanto de eficiência. "A presença feminina traz novas perspectivas e desafia estereótipos, o que é fundamental para a evolução e humanização desse mercado", afirma.

Considerando o cenário atual, a especialista detalha a realidade enfrentada pelo público feminino nesse segmento:

Preconceito e insegurança
O cotidiano de uma entregadora é marcado por desafios que vão além dos obstáculos habituais enfrentados por seus colegas homens, como trânsito intenso e condições climáticas adversas. Elas frequentemente se deparam com preconceitos de quem ainda enxerga o serviço de entregas como uma atividade predominantemente masculina.

"No dia a dia, as entregadoras enfrentam falta de apoio e reconhecimento por parte de empregadores, clientes e até da própria família, pois são frequentemente vistas como menos capazes ou menos aptas para a função, o que pode afetar negativamente sua autoestima e confiança profissional", comenta.

A segurança também é uma preocupação constante, especialmente durante o período noturno, quando muitas precisam circular por áreas de risco. Além disso, a ameaça de assédio sexual e moral é, muitas vezes, subestimado. De acordo com levantamento da startup Forum Hub, 18,3% das mulheres já sofreram assédio sexual no trabalho, porcentagem cinco vezes maior do que a dos homens, que é de 3,4%. Em relação ao assédio moral, 31% das mulheres relatam ter sido vítimas, em comparação com 22% dos homens. Mulheres entregadoras são particularmente vulneráveis a comentários e comportamentos inapropriados, tanto nas ruas quanto nas interações com clientes, o que agrava ainda mais a sensação de insegurança.

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Superando barreiras
Apesar das dificuldades, muitas mulheres encontram nas entregas uma oportunidade de trabalho flexível que se adequa às suas necessidades. A possibilidade de escolher horários e definir sua própria carga de trabalho é um atrativo, principalmente para aquelas que precisam conciliar a profissão com outras responsabilidades.

 

"Hoje, já existem plataformas white label para criação de apps de entrega, permitindo que mulheres possam não só trabalhar como entregadoras, mas também empreender em seus próprios negócios. Essas plataformas oferecem uma oportunidade para quem deseja mais autonomia e controle de suas operações, gerenciando equipes e definindo estratégias de crescimento. É uma forma de empoderar mulheres que querem superar as barreiras do mercado de trabalho tradicional e se estabelecer como líderes no setor", explica a executiva
 

Representatividade e impacto social
O aumento da presença feminina no setor de entregas também tem implicações sociais e econômicas importantes. Evidências apresentadas pela ONU mostram que a redução da desigualdade de gênero no mercado de trabalho tem potencial para impulsionar o PIB per capita em 20%. A inserção de mais mulheres nesse mercado pode contribuir para uma maior diversificação do perfil dos entregadores, trazendo novas perspectivas e experiências que enriquecem o ambiente de trabalho.
 

"Ainda há um longo caminho a ser percorrido para as mulheres alcançarem uma presença igualitária no mercado de entregas. No entanto, os avanços observados nos últimos anos são promissores. Com o apoio de políticas públicas, iniciativas privadas e uma mudança de mentalidade na sociedade, é possível imaginar um futuro em um campo verdadeiramente inclusivo, onde homens e mulheres poderão trabalhar lado a lado, com as mesmas condições e oportunidades", finaliza.
 

Sobre a Gaudium

Gaudium, dona da Machine, é uma empresa de tecnologia criada em 2011 pelo cientista da computação Bruno Muniz e pelo engenheiro Ricardo Góes. Hoje, a startup é focada nos mercados de mobilidade e logística, e já participou de dois Programas de Aceleração Scale Up da Endeavor. Em 2024, foi destacada na lista do Estadão como uma das 100 empresas mais influentes em mobilidade no Brasil. Além da Machine, a empresa é dona do 55content, o principal portal de notícias sobre aplicativos de transporte e aplicativos de entrega do Brasil.

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